É saudável que cada açoriano queira mais para a sua terra, pugne pelo seu desenvolvimento, tenha a ambição de ver a sua ilha progredir. É importante, porém, que não perca o enquadramento original, ou seja, que olhe os Açores como Região Autónoma e não como um arquipélago de 9 ilhas separadas entre si pelo mar e pelo homem, que olhe os Açores como um todo em convergência sem se ater a bairrismos redutores, e que, nesta primeira década do séc. XXI, não se fique no enlevo da obra feita nem na contemplação das críticas.
Vale a pena, neste contexto objectivo e construtivo, e porque as memórias tendem a ser esmagadas pela pressa da decisão e pela ausência de reflexão, lembrar factos. Neste número, reporto-me à obra feita no Faial, com três breves apontamentos.
Primeiro: nunca houve investimento similar no Faial - dizem os números, dizem as obras à vista. Destaco a nova Escola Secundária, uma das melhores do país, um orgulho para os pais e um investimento de cerca de vinte milhões de euros para o governo e contribuintes; a Biblioteca Pública e Arquivo da Horta, equipamento de cerca de sete milhões de euros onde apetece pesquisar, participar em sessões culturais, motivar as crianças; o Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos e a consolidação do Farol, um monumento à nossa história recente, mais-valia para a terra e para os seus visitantes - outro investimento na ordem dos 7 milhões.
Podia recuar um pouco e falar na Variante, na nova escola da Vista Alegre, na Escola Profissional, na beneficiação do parquet escolar do 1° ciclo, no Centro de Cuidados Geriátricos da Santa Casa da Mesericórdia, nas obras da Casa de Infância de Santo António, na lagoa artificial, na construção de fogos no âmbito de programas a custos controlados e muito mais. Mas não serei exaustiva.
Segundo: as duas obras que marcam a actualidade no Faial - a obra do DOP (4,3 milhões inscritos) e a obra do Porto ( 33,5 milhões a primeira fase; 18 a segunda; ao todo, mais de 50 milhões), que já teve início e que representa uma viragem na face da Horta e um passo relevante na circulação marítima de pessoas e bens. Ambas, de algum modo, complementares, ambas respondendo à vocação marítima do Faial, onde decorre um curso de nível IV de operador marítimo-turístico, mais uma resposta à necessidade de abrir uma nova etapa na abertura ao exterior, pelas portas da ciência no caso do DOP e dos transportes marítimos, no caso do porto.
Lembro, ainda a construção do bloco C do Hospital da Horta, dos equipamentos sociais dos Flamengos e da Praia do Norte, do parquet desportivo dos Cedros.
Terceiro: o Faial que emergiu da reconstrução do sismo de 98 é muito diferente do Faial anterior ao sismo. A modernização do seu parquet habitacional representou cerca de 250 milhões, ou seja, um dos maiores investimentos de sempre nas ilhas.
Não percamos de vista esta realidade que, de tanto nos ser familiar, passa a ser esquecida. Nem abdiquemos do que nos foi prometido ( tema próximo) porque lá diz a sabedoria popular: ao rico não devas e ao pobre não prometas.
alziraserpasilva@gmail.com
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